domingo, outubro 20, 2013

Sem Vergonha

Saiu deixando a porta aberta
Pois pra fechá-la não foi capaz
Eu sei que a gente acerta
E eu sei que a gente erra, mas

Você não sente vergonha?

Quando se olha no espelho
Aprecia seu batom vermelho
Encolhe a barriga e sorri
Daquele jeito que você sabe fingir

Você não sente vergonha?

Quando senta na sua carteira
E conversa com ele a aula inteira
Pra depois dizer não aguentar
Que vai morrer de tanto estudar

Não sente nada?

Como se sente se ajoelhando na igreja
E pedindo a Deus o que deseja
Depois de tanto tempo reprimindo
Tantos meses se proibindo

Você sente?

Sente algo além de egoísmo
De estupidez e ilusionismo
Deixando de dizer a verdade
Pois pra isso é muito covarde

Será que sente?

Ou será que ainda é um robô
Que confunde sofrimento com amor
E se acha sempre a vítima
Maltratada de forma legítima

Não acho que sinta

Não acho que sinta nada
E o que sente é de forma errada
Pois pra amar alguém você conseguir
Deve primeiro amar a si

E será que ama?

Será que consegue se amar?
Pensar na vida e não se envergonhar?
Acordar de forma decidida?
Caminhar de cabeça erguida?

Será que vai amar?

Será que vai mudar?
Será que vai deixar de usar
Pessoas como degraus
Sendo uma atriz fenomenal?

Será que vai crescer?

Ou esse poema vai ser eterno
Ao contrário daquele do caderno
Que enquanto eu escrevia
Eu pensava que te conhecia

Você não sente vergonha?
Ou talvez arrependimento?
Aproveite seu vazio e nele ponha
Quem sabe um pouco de talento

Pois pelo menos até o momento
Seu único talento é mentir
E quando sente vergonha
Seu único talento é chorar

1 indivíduos comentaram:

Que poema mais sensível e rancoroso...amei

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