A Cabra, a Sogra e o Dexter.

Tédio, morte e zoofilia juntos num mesmo sítio.

O Formigueiro Invisível.

“Pare”, “Siga”, “Ande aqui”, “Dirija ali”.

O Mundo de Verônica

Uma entrevista do Pedro Bial no meio de uma revista Playboy.

Quando você morrer

O que você quer ser quando morrer?

Psicotuitoanalise #1 - Fanatismo

O novo método twitteriano de psicanálise avançada freudiana cerebelística anonencefálica.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Então é Natal

Aconteceu uma coisa muito louca neste natal. A ceia tinha acabado, o pessoal já havia ido embora, e então eu fui pro meu quarto pra trocar de roupa e assistir alguma coisa até dar sono.
Confesso que não dou muita bola pro Natal não, mas acho uma data muito importante, não pra mim, mas pro mundo em geral. Não por comemorar o suposto nascimento de Jesus ou sei lá o quê, mas pela mobilização de todos, pela união que acontece entre as famílias, amigos, e etc, que geralmente acontece na data.
Troquei minha roupa, peguei o controle remoto da tv e me preparei pra deitar na cama, até que: pawtrastrustastistis (onomatopeia de alguma coisa caindo do lado de fora da janela do meu quarto). Meio assustado, fui em direção à janela pra ver o que era, e quando a abri logo se levantou do chão uma pessoa toda de branco e com asas, que quando a vi soltei um leve grito ("aauhh") e dei dois passos pra trás, mais assustado ainda. 

Era uma mulher vestida de anjo, de pele um pouco clara, aparentando ter uns 45 anos, os cabelos eram encaracolados e escuros, tipo o do Maradona na época que jogava bem e cheirava cocaína, só que um pouco mais armado (o cabelo) e maior. Ela estava com um sorriso estampado no rosto e a mão esquerda levantada, como um garçom que segura uma bandeja, só que sem a bandeja. Parecia estar esperando que eu a convidasse pra entrar, mas aquela situação era muito estranha pra mim, mais estranho ainda é que de alguma forma ela me era familiar, eu já havia visto aquele sorriso em algum lugar. Seria o Natal realmente mágico? Deus teria mandado um ANJO pra falar comigo? Será que eu sou especial? Sou eu quem vou salvar a humanidade?? Várias coisas passavam pela minha cabeça.

Ficamos nessa por uns 30 segundos, eu parado e ela com o sorriso, do lado de fora da janela, até que resolvi falar, e quando abri a boca pra perguntar "wtf?", ela me interrompeu:
- Então, então é Natal - disse de uma forma clara e singela, ainda com o sorriso.
- É, tô sabendo - respondi.
- E o que você fez?
Essa pergunta me deixou na dúvida, como assim o que eu fiz? O que eu fiz no Natal? No ano? Na minha vida? Espera, o que tá acontecendo aqui? Mas enfim, escolhi a primeira opção.
- Ah cara, teve um amigo secreto aqui agora há pouco, ganhei umas havaianas, e depois fiquei só comendo mesmo. Até sobraram algumas coisas ali, se você quiser.. - resolvi arriscar que ela estava em busca de comida. Não tinha cara de mendiga, mas era uma hipótese..
- O ano termina, e nasce outra vez.
- Verdade né, rs - poucas conversas na minha vida fizeram tão pouco sentido quanto aquela que eu estava tendo no momento.
- Então é Natal, a festa Cristã - Ela insistia
- Olha ok, legal, mas pelo amor de deus, diz logo o que você quer! Ou de onde você veio, ou melhor ainda, QUEM CARALHOS É VOCÊ??
Logo o sorriso dela finalmente desapareceu, enfim abaixou sua mão que segurava a bandeja invisível, e olhou com cara de desapontada pra mim. Senti que peguei pesado, mas não sabia por quê.
- Então você não me conhece? - ela perguntou.
- É... não - eu ainda tinha dúvidas se a conhecia ou não.
- Claro que não, hoje em dia ninguém mais ta preocupado em passar o natal de forma decente, ouvindo MÚSICAS NATALINAS, hoje o povo só quer saber de putaria, de Walesca Popozuda, Mr. Catra, e essas merda toda.
- Ca- calma moça, não é assim também, eu até...
- Calma o cacete! E moça o caralho! Tenho mais de 50 anos seu pivete dos inferno. Tá vendo esse monte de cds aqui?? - ergueu um saco branco que parecia ter uns 300 cds lá dentro e sacudiu - Todos gravados por mim! Antes as pessoas compravam por livre e espontânea vontade, elas adoravam, cantavam, essa merda era o hino do natal! Mas agora não, agora vocês ficam aí com esses lixos de músicas, que me dá até vontade de cagar no cd, vomitar em cima, e depois dar pro artista comer, tipo aquele vídeo lá do 2 girls 1 cup, sabe?
A conversa estava indo longe demais, e eu ficando mais preocupado e assustado com tudo aquilo. E pra piorar ainda me lembrei de imagens do vídeo que ela citou.

- Ok. Calma moça. Digo, senhora. Ou senhorita. Vai dar tudo certo, mas antes você precisa me dizer o que é que você quer, senão eu não consigo te ajudar. Pode ser? - fiquei até impressionado com minha serenidade
- Meu queridinho, quer saber o que eu quero? Eu só quero que todo mundo volte a comprar essa merda de cd, que cantem e façam uso dele no natal. Tudo que eu tinha na vida era o Natal. Todos me amavam, se lembravam de mim, me chamavam pra cantar as músicas ao vivo, já fui até pro Faustão!
- Nossa, é mesmo? Você não deve ser muito da minha época de faustão então, porque acho que realmente não te conheço, - a mulher já tava pirando de vez só podia - mas eu não tenho a memória muito boa também né, pode ser isso.
- É, pode ser. Mas enfim, compra um cd aí.
- Pera. Espera. É SÓ ISSO que você quer então? Invadiu minha casa vestida de anjo, veio com uns papos estranhos, me xingou na minha própria janela, tudo isso só pra que eu compre essa merda de cd??
- Merda não! Isso aqui é o espírito natalino encarnado num cd meu queridinho.
- Tá, tá, entendi. E quanto custa?
- Quanto vale o natal pra você?
Suspirei.
- Ah sei lá, acho o natal super importante e tal pro mundo, mas não sei dar um valor assim em dinheiro pra ele. Acho que nem tem como.
- Vale mais que seu rim?
- Como assim vale mais que meu rim?
- O Natal, ele vale mais que seu rim?
- Porra, como assim?? O que tem a ver uma coisa com a outra??
- Você trocaria seu rim por uma noite de natal??
- Nossa que tipo de pergunta é essa cara!? Não, eu não trocaria!
- Então seu rim vale mais que o Natal?
- Mas que caralho, se for assim vale então, não sei, que merda!
A última coisa que eu vi foi a senhora senhorita tirar algo de dentro do saco de cds, e depois apenas luz. Uma grande luz. Enorme. Luz.

E então eu acordei hoje, com uma puta dor estranha na barriga, meio zonzo, meio sei lá. Com um puta frio também, dormi com a janela aberta, e ainda tinha um pouco de sangue perto de mim, acho que o idiota aqui bebeu tanto ontem que deve ter se cortado e nem percebeu. Mas fiquei feliz quando acordei na minha cama e não tinha mais senhora-anjo nenhuma na minha janela, ou seja, era tudo um sonho né!! haha aiai. Um sonho bem estranho por sinal.
Mais estranho ainda foi que na cabeceira da minha cama havia um cd da Simone, que nossa, eu não via ele aqui em casa faz milhões de anos, e ele ta até com cara de novo. Minha mãe deve ter achado e o colocado aqui, o que não faz sentido mas ok.

Mas enfim, Feliz Natal.




segunda-feira, dezembro 17, 2012

O Mundo na Minha Cabeça

Eu tenho um pequeno distúrbio mental e não sei se é só comigo que isso acontece. Às vezes eu penso que vou ficar louco. Não sei na verdade se isso é uma vontade, um receio, ou quem sabe uma falta do que fazer com meu cérebro, só sei que em vários momentos eu me sinto como se fosse um Bruce Banner, só que ao invés de tentar me controlar pra não virar o Hulk, eu tento me controlar pra que eu não fique louco. Mas louco mesmo, sabe? Louco maluco, daqueles que você manda pro hospício e até os pacientes de lá passam a evitar pra não serem contagiados.
O que acontece é que minha mente costuma ser meio perdida, pensa em várias coisas ao mesmo tempo, sendo que 98% destas são coisas bizarras, sem sentido e/ou imaginação além do necessário, enquanto os últimos 2% são dedicados ao que realmente está acontecendo de importante no momento.


Eu tenho uma séria dificuldade para ter conversas sérias, pois sempre que elas aparecem meu cérebro avacalha tudo dentro da minha cabeça. Simplesmente não consigo manter a seriedade por muito tempo quando todos estão sérios. Se o pessoal que estiver falando comigo estiver normal, ou até feliz e saltitante, eu consigo manter a seriedade na minha cabeça, mas se esse mesmo pessoal estiver sério e tendo uma conversa séria, minha cabeça não consegue manter a seriedade. Está confuso? Sim, mas eu avisei lá no começo que minha mente é meio perdida, pensei que já estivesse preparado. De qualquer forma, vou dar alguns exemplos:

Situação: Conversa com a gerente do banco.
Cenário real: A gerente fala sobre a troca do pacote de serviços que terei que fazer, mostra as opções diferentes de serviços pra contratar e sobre o funcionamento para mudança de agência bancária.
Cenário na minha cabeça: Eu me levanto e corro em círculos pela sala da agência, enquanto isso bato com as mãos em todos os papeis das mesas e tudo lá dentro vira um redemoinho de folhas A4 cheias de números, vírgulas e cifras. Até que eu paro de correr e pego um guarda chuva que tava perto de mim, e uso a gerente de poste enquanto canto Singin' in the Rain. Após terminar a música eu dou um mergulho na parede de vidro e saio da sala(e do banco) em grande estilo.

Situação: Reunião de trabalho.
Cenário real: Meu chefe falando sobre os diversos projetos do ano, quais as expectativas, as dificuldades, o que devemos fazer e qual a melhor forma de atingirmos nossos objetivos. Ele fala e todos ouvem atentamente com cara de sérios e dispostos a dar o melhor de si pela empresa (inclusive eu, exceto a parte do "ouvir atentamente").
Cenário na minha cabeça: No momento em que meu chefe abre a boca pra falar eu me levanto bruscamente jogando a cadeira pra trás, subo na mesa, faço um sapateado e enquanto todos olham perplexos pra mim eu escolho o mais feio do momento e dou um chute no meio da cara. Logo em seguida eu tiro a roupa de uma vez só, daquele jeito que você puxa e já sai tudo numa só rasgada. E então, pelado, eu pulo em cima da cabeça de um colega de trabalho e me equilibro com apenas um pé, e assim vou pulando de cabeça a cabeça, até completar todas da mesa, e depois volto pra cima da mesa, em frente ao chefe. Lá eu me ajoelho, começo a urinar na cara dele e logo em seguida grito "QUE TAL ENTÃO ESSE PROJETO DE GOLDEN SHOWEEER AAAAHAHAHAHAHA". Após isso visto minhas roupas novamente, volto pro meu lugar, e a reunião é finalizada.

Situação: Me declarar pra mulher que amo.
Cenário real: Estamos sentados num banco de uma praça, estou me preparando pra falar com ela, com os lábios tremendo e as mãos suando, assim como as axilas, que formam duas belas pizzas molhadas em cada um dos lados da minha camiseta do Pink Floyd.
Cenário na minha cabeça: Eu inicio minha fala dizendo "ér.. é.. então, o que eu queria dizer é-" logo a garota grita "SIM EU SEI EU TAMBÉM TE AMO PUTA QUE PARIU VEM CÁ ME BEIJA ME LEVA PRA CAMA VAMOS EMBORA PRAS ANTILHAS HOLANDESAS OU QUEM SABE PRA NOVA ZELÂNDIA OU QUEM SABE PRO INFERNO TANTO FAZ SEU LINDO SEU MARAVILHOSO EU QUERO É VOCÊ". Em seguida nós dois tiramos as roupas (adoro ficar pelado), nos abraçamos, nos beijamos loucamente, damos as mãos e saímos correndo pela rua, ao mesmo tempo em que damos voltas no eixo das nossas próprias mãos entrelaçadas, como hélices humanas apaixonadas à caminho da felicidade eterna [enquanto isso toca nos alto-falantes da cidade a música Good Old Fashioned Lover Boy]. E assim vamos correndo, a luz do Sol vai ficando cada vez mais e mais intensa, até que tudo se transforma finalmente em luz.

Situação: Qualquer uma.
Cenário real: Qualquer coisa acontecendo com qualquer pessoa.
Cenário na minha cabeça: Eu fico imaginando a pessoa dentro deste clipe do Radiohead, dançando igual ao Thom Yorke, com umas caras engraçadas e tudo mais. Confesso que fica bem engraçado me divirto muito, e serve pra qualquer situação, é só pegar o corpo da pessoa e trocar com o Thom.




ps.: eu sei que você também faz essas coisas na sua cabeça ok.